Ditadura

Justiça rejeita denúncia por estupro sofrido por presa política

Para embasar decisão, magistrado recorreu à Lei da Anistia, que "absolveu" torturados e torturadores e é alvo de críticas de instituições internacionais

A Câmara Criminal do Ministério Público Federal lamentou em nota pública, na quarta-feira, 8, decisão da Justiça que rejeitou denúncia contra o militar contra o ex-militar Antonio Waneir Pinheiro Lima, o Camarão, acusado de torturar e estuprar Inês Etienne Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte, centro clandestino usado por agentes da ditadura.

Por meio da nota, a Câmara Criminal afirma que "nenhuma mulher, ainda que presa ou condenada, merece ser estuprada, torturada ou morta. E tampouco pode o sistema de justiça negar desta maneira a proteção da lei contra ato qualificado no direito internacional como delito de lesa-humanidade".

Para a Procuradoria da República, o juiz federal que atuou no caso "desconsiderou as provas apresentadas pela acusação e desqualificou o valor probatório da palavra da própria vítima nos crimes sexuais, ao afirmar que o fato só foi relatado após oito anos do ocorrido".

Em seu despacho, o magistrado afirmou que os fatos denunciados estão protegidos pela anistia e prescrição. Segundo o Ministério Público Federal, este é um argumento "já afastado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos".

A coordenadora da Câmara Criminal, subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen, lamentou o teor da decisão e destacou que as 27 ações penais propostas pelo Ministério Público Federal até o momento em razão de crimes contra os direitos humanos praticados no período da ditadura são resultado de trabalho de investigação sério, técnico e responsável desenvolvido por procuradores da República nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis (RJ), Marabá (PA) e Rio Verde (GO). "Todos os procedimentos estão embasados em provas testemunhais, documentais e periciais concretas", destacou.

O Ministério Público Federal também criticou a alegação do magistrado de que a vítima era uma "perigosa terrorista" e de que os direitos humanos não podem ser "meros pretextos para dar vantagens a minorias selecionadas que servem aos interesses globalistas".

 

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